Hoje, 9 de abril, um dos maiores nomes da arquitetura moderna brasileira, o arquiteto e urbanista Sérgio Bernardes, completaria 95 anos de vida. Amplamente conhecido por seus projetos residenciais, o arquiteto carioca, entretanto, não teve uma produção restrita apenas a este tipo de obra, trabalhando também com design de mobiliário, projeto de edifícios e masterplans. A seguir, uma homenagem do ArchDaily Brasil a um dos mais heterodoxos arquitetos brasileiros do século XX.
Sérgio Wladimir Bernardes nasceu 1919 no Rio de Janeiro. Seu interesse na arquitetura é precoce; a Casa Eduardo Bahout, 1934, o seu primeiro projeto, é construída cinco anos antes de seu ingresso na Faculdade Nacional de Arquitetura - FNA, onde se forma em 1948. Ainda na faculdade, um ano antes de se formar, seu projeto para o Country Club de Petrópolis, foi publicado na revista francesa L’Architecture d’Aujourd’hui, em edição dedicada à nova arquitetura brasileira.
Após graduar-se, trabalha com Lucio Costa e Oscar Niemeyer no início de sua carreira, sendo coautor de obras representativas como o projeto do pavilhão brasileiro na Feira Mundial da Bélgica em 1958, do Pavilhão de São Cristóvão e do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
Após este período funda o escritório Sérgio Bernardes Associados - SBA, em que desenvolve projetos de arquitetura e design, alguns deles premiados como a Casa Jadir de Souza, 1951/1952, 1º prêmio de habitação na Trienal de Veneza, em 1954; a Casa Lota Macedo Soares, 1953/1956, Prêmio Jovem Arquiteto Brasileiro na 2ª Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, 1954; o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial da Bélgica, Prêmio Estrela de Ouro na Feira Internacional de Bruxelas, em 1958.
Em 1979 cria o Laboratório de Investigações Conceituais - LIC, uma entidade sem fins lucrativos dedicada à pesquisa e formulação de planos urbano-territoriais, cujo objetivo, nas palavras do arquiteto, é "ser um núcleo de pensamento que intervenha na realidade atual e sugira que o Homem pode se organizar melhor no espaço, harmonizando trabalho, circulação, habitação e lazer, condições elementares de seu bem estar".
Além das atividades no SBA e LIC, Bernardes trabalha em órgãos públicos, é chefe do Setor de Arquitetura da Campanha Nacional contra a Tuberculose - CNCT, entre 1949 e 1959; assessor da Secretaria de Obras do Governo do Estado da Guanabara, de 1960 a 1965; e secretário de planejamento e coordenador-geral da Prefeitura de Nova Iguaçu, em 1984.
Entre suas obras mais importantes estão a Casa Lota de Macedo Soares (1951), o Pavilhão brasileiro na Feira Mundial da Bélgica (1958), o Hotel Tropical em Tambaú (1966) e o Palácio da Abolição (1970).
Assista abaixo o trailer do documentário “Bernardes” produzido pela produtora 6D com base em arquivos do arquiteto, depoimentos de conhecidos, visitas às principais obras. O longa metragem consiste em uma “viagem no tempo” realizada pelo neto de Sérgio, Thiago, que "colhe peças de um instigante quebra-cabeças que lhe revela uma personalidade afiada, inventiva, bem-humorada e pouco conhecida até então."
Sérgio Bernardes nos deixou no dia 15 de julho de 2002, aos 84 anos, vítima do agravamento de um derrame que havia sofrido dois anos antes.
Referência: itaucultural